Por que a poluição se dissipa diferente nos hemisférios?
Os padrões de circulação do ar são influenciados por vários fatores, como a rotação da Terra, a distribuição de terras e oceanos, e a radiação solar. Essas circulações afetam diretamente como os poluentes atmosféricos, como emissões de gases de efeito estufa, se dispersam e se dissipam em diferentes partes do planeta.
Circulação Atmosférica e Diferenças Hemisféricas
No Hemisfério Norte (HN), a circulação do ar é dominada pelas células de Hadley, Ferrel e Polar, que criam ventos predominantes conhecidos como ventos de oeste (westerlies) nas latitudes médias. Estes ventos facilitam a rápida dispersão horizontal de poluentes. Além disso, o HN tem uma maior proporção de massa terrestre em comparação ao Hemisfério Sul (HS), o que contribui para variações de temperatura mais extremas e correntes de jato mais fortes, que também ajudam a dissipar poluentes mais rapidamente.
No Hemisfério Sul, por outro lado, a grande extensão de oceanos atua como um amortecedor térmico, resultando em padrões de circulação mais estáveis e menos variáveis. As correntes de jato no HS são menos intensas, o que significa que a dispersão dos poluentes tende a ser mais lenta. Além disso, a ausência de grandes cadeias montanhosas, como os Himalaias no HN, que perturbam o fluxo atmosférico, contribui para uma circulação mais uniforme e menos eficiente na dispersão rápida das emissões.
Emissões e Dissipação
A maior concentração de atividades industriais no HN, especialmente nas regiões temperadas e subtropicais, significa que as emissões de poluentes são mais intensas nessa parte do planeta. No entanto, como mencionado, a combinação de ventos predominantes fortes, correntes de jato mais intensas e maior variabilidade meteorológica facilita a dispersão dessas emissões. Além disso, os padrões de circulação no HN geralmente transportam poluentes em direção aos polos, onde são menos propensos a ficar presos na atmosfera inferior e são mais rapidamente removidos através de processos de deposição e reações químicas.
No HS, embora as emissões sejam geralmente menores devido à menor população e industrialização, a dispersão dessas emissões é mais lenta. As emissões podem ficar mais tempo na atmosfera antes de se dissiparem completamente, devido aos ventos predominantes mais fracos e à circulação mais estável.
Dados e Estudos
Estudos de modelagem climática e medições atmosféricas confirmam essas diferenças. Por exemplo, as observações de satélite mostram que as concentrações de dióxido de carbono (CO₂) e outros gases de efeito estufa tendem a ser mais homogêneas no HS, enquanto no HN há variações sazonais mais pronunciadas e dissipação mais rápida. As políticas de controle de emissões no HN também são frequentemente mais rigorosas, contribuindo ainda mais para a redução das concentrações de poluentes atmosféricos em um ritmo mais acelerado.
Esse entendimento dos padrões de circulação e sua influência na dissipação de emissões é crucial para o desenvolvimento de estratégias globais de mitigação das mudanças climáticas e controle da poluição atmosférica.