O Brasil em chamas: O recorde que não deveria existir
Em 2024, a floresta queimou como nunca antes. Foram 15,6 milhões de hectares destruídos, o maior número desde 1985. O fogo não escolheu só o pasto. Florestas inteiras viraram cinzas. O Brasil ardeu, e isso não é normal. É o resultado da ação humana somada ao clima extremo.
Redação C3 TV
3 de julho de 2025 às 17:18:20

Brasil em Chamas: Amazônia e Mata Atlântica batem recorde histórico de queimadas em 2024
O ano de 2024 ficará marcado na história como um dos períodos mais críticos para os biomas brasileiros, especialmente para a Amazônia e a Mata Atlântica. De acordo com o relatório anual do MapBiomas, a Amazônia registrou a maior área queimada desde o início da série histórica, em 1985. Foram aproximadamente 15,6 milhões de hectares consumidos pelo fogo, um número alarmante que representa um aumento de 117% em relação à média histórica do bioma.
Esse número expressivo colocou a Amazônia no centro da crise ambiental no país, sendo responsável por 52% de toda a área queimada no território nacional ao longo de 2024. Mais do que uma tragédia em escala, os dados revelam uma mudança preocupante na dinâmica das queimadas.
Pela primeira vez desde o início do monitoramento, a área de florestas nativas destruídas pelo fogo (6,7 milhões de hectares) superou a área de pastagens queimadas (5,2 milhões de hectares). Isso representa uma inversão histórica: tradicionalmente, as pastagens sempre foram os principais alvos das queimadas, associadas à abertura de áreas para agropecuária. Em 2024, 43% da área queimada na Amazônia correspondeu a florestas, enquanto 33,7% foram áreas de pastagem.
A situação não se restringe à Amazônia. Somando todos os biomas brasileiros — incluindo Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa — o fogo destruiu cerca de 30 milhões de hectares em 2024, um número 62% acima da média histórica nacional. As queimadas se intensificaram particularmente no segundo semestre do ano. Entre os meses de agosto e outubro, ocorreram 72% de todos os focos de incêndio do ano, sendo que somente setembro concentrou um terço (33%) de todos os registros.
Especialistas apontam que o cenário catastrófico foi impulsionado por fatores climáticos extremos combinados à ação humana deliberada. A região amazônica enfrentou dois anos consecutivos de seca severa, o que deixou a vegetação extremamente suscetível ao fogo. Em paralelo, o uso indiscriminado do fogo para limpeza de áreas — prática ainda comum em muitas regiões — contribuiu de forma decisiva para a escalada dos incêndios.
A combinação entre alta carga de material combustível, umidade relativa do ar muito baixa e práticas humanas predatórias criou um ambiente altamente inflamável, que favoreceu a propagação descontrolada das chamas em larga escala.
Esse recorde de queimadas representa não apenas uma perda ambiental de proporções inéditas, mas também um alerta urgente sobre os riscos da degradação contínua dos nossos biomas. A destruição de milhões de hectares compromete a biodiversidade, os ciclos climáticos, a segurança hídrica e a qualidade do ar — com impactos diretos sobre a saúde humana e os modos de vida das populações locais.
É imperativo que políticas públicas eficazes de prevenção, fiscalização e recuperação ambiental sejam urgentemente implementadas. O fogo na floresta é mais do que uma tragédia ecológica: é um reflexo da negligência ambiental e um aviso claro de que não há mais tempo para esperar.
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