Crise climática: o bilhete premiado para a economia do futuro?
Ação climática como impulso econômico - novo relatório da OCDE aponta caminho para um futuro mais próspero.
Meteorologista: Dsc. Ana Flávia Monteiro
28 de março de 2025 às 19:16:19

A ideia de que enfrentar a crise climática compromete o crescimento econômico está sendo desconstruída por evidências cada vez mais robustas. Um estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra que medidas firmes de mitigação climática não apenas evitam colapsos ambientais - como também impulsionam o crescimento global nas próximas décadas.
Segundo o relatório, estabelecer metas ambiciosas para a redução de gases de efeito estufa, e implementar políticas eficazes para atingi-las, resultaria em um ganho líquido de 0,23% no PIB global até 2040. Essa taxa, à primeira vista modesta, representa um crescimento constante e sustentável, que se intensifica ao longo do tempo. Até 2050, o aumento do PIB per capita nas economias mais avançadas pode chegar a 60%, e 124% nos países de baixa renda, se comparado aos níveis de 2025.
Além disso, a transição energética tem o potencial de gerar benefícios sociais diretos: com os investimentos certos, 175 milhões de pessoas podem sair da pobreza até o fim desta década. Os dados evidenciam que o desenvolvimento sustentável não é apenas uma possibilidade - é uma via estratégica para o progresso global.
Uma recessão permanente pode ser evitada
Por outro lado, a inação climática representa um risco econômico real e contínuo. A OCDE alerta que até um terço do PIB global pode ser perdido neste século caso não sejam adotadas medidas efetivas contra a mudança climática. Simon Stiell, chefe de clima da ONU, reforçou que, se nenhuma ação for tomada, a Europa pode sofrer perdas econômicas da ordem de 2,3% ao ano até 2050, devido aos impactos de eventos extremos como secas, enchentes e perda de produtividade agrícola.
“A crise climática é uma ameaça à segurança nacional”, destacou Stiell, “e deve estar no topo das agendas políticas.”
Energia limpa é boa para os negócios
Ao contrário da narrativa de que a transição para uma economia de baixo carbono sufocaria o desenvolvimento, os números apontam para o oposto. Em 2023, o setor de energia limpa criou aproximadamente 1,5 milhão de novos empregos no mundo, enquanto a capacidade global de geração de energia renovável cresceu 15% - com destaque para a China, responsável por dois terços desse avanço.
Francesco La Camera, diretor da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), reforça que "as energias renováveis são economicamente viáveis e de fácil implementação", tornando-se um pilar cada vez mais sólido da matriz energética global.
Um caminho viável e sustentável
A narrativa de que investir em ações climáticas é um fardo econômico está perdendo força diante dos dados concretos. A transição energética é uma oportunidade - não uma ameaça. Com planejamento estratégico e cooperação global, é possível crescer economicamente, reduzir desigualdades e proteger o planeta ao mesmo tempo.
A mensagem que o relatório da OCDE deixa é clara: o futuro será sustentável - ou não será.
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